O perigo de admirar apenas os bilionários e quais são os riscos se você é um pequeno empresário

Se você é um empresário que passa o dia inteiro consumindo conteúdo dos empresários bilionários como por exemplo Elon Musk e tentando copiar as estratégias de negócio dele, você está perdendo a possibilidade de aprender o que você realmente deveria aprender como pequeno empresário. Na minha opinião, você também deve consumir conteúdo de pequenos empresários de sucesso, que podem te ensinar na prática o que você deve fazer para crescer seu negócio sustentavelmente.

O  problema não é admirar grandes empresários. O problema é achar que as estratégias que funcionam para empresários que movimentam bilhões vão funcionar para seu negócio que ainda está tentando fechar o mês no azul e atingir o ponto de equilíbrio.

Os desafios enfrentados por bilionários estão em um patamar muito diferente de um pequeno empresário.

Tudo bem que muitos bilionários alcançaram sucesso disruptando mercados, o que pode inspirar novas ideias e se você é do tipo do empresário que deseja criar negócios escaláveis e sustentáveis, é uma boa ideia você consumir o conteúdo dos empresários  bilionários, porém você deve lembrar que se você é um pequeno empresário, as regras do jogo são diferentes de um grande empresário.

Os grandes empresários sempre focam em grandes escalas. Eles buscam estratégias como captação de milhões de dólares em investimentos ou gestão de equipes gigantes que podem não ser aplicáveis para negócios menores.

Às vezes, os empresários bilionários simplificam os desafios e romantizam o sucesso, o que pode gerar expectativas irreais.

A Ilusão dos grandes exemplos

Todo mundo conhece a história do Steve Jobs. O cara genial, visionário, que “revolucionou” várias indústrias.

Steve Jobs foi um líder brilhante, mas imperfeito. Suas falhas como gestor com inúmeros exemplos de  agressividade, impaciência e  falta de respeito  são um lembrete de que resultados extraordinários não justificam comportamentos tóxicos.

E tem muito empresário que romantiza o jeito dele tratar as pessoas. Uma pessoa explosiva, exigente e muitas vezes abusiva.

E aí surge aquela narrativa perigosa: “ele era bem sucedido porque era assim”.

Deixa eu te contar uma verdade: 

Steve Jobs é amplamente reconhecido como um dos maiores visionários e inovadores da história empresarial, mas sua personalidade e estilo de liderança eram notoriamente polêmicos.

Ele teve sucesso apesar do comportamento terrível. A probabilidade de você ter sucesso sendo uma pessoa boa, honesta, transparente e que trata funcionários bem é muito maior do que sendo uma pessoa negativa, arrogante e vingativa.

Quando você ouve “ah, mas ele gritava com todo mundo e quando distribuiu as ações para os funcionários, todo mundo ficou milionário”, isso é a mesma lógica de quem diz “aguenta esse chefe abusivo porque o salário é bom”. 

É uma relação tóxica que às vezes é vendida erróneamente  como estratégia de negócios.

“Quem é que quer estar do lado de uma pessoa rabugenta, explosiva, que trata mal as pessoas? Ninguém. E quem consegue trabalhar bem sob constante abuso? Quase ninguém.”

O que o pequeno empresário aprende com empresários bilionários?

Vamos ser práticos. Você é dono de uma empresa de 15 funcionários. O que exatamente você vai aplicar das estratégias do Elon Musk? Comprar outras empresas por bilhões? Manipular o mercado de ações? Lançar foguetes no espaço?

A realidade é que o contexto de um mega empresário é completamente diferente do seu. 

Os empresários milionários ou bilionários  têm:

Acesso ao capital em larga escala: Eles têm acesso a grandes somas de dinheiro, seja por meio de investimentos, lucros de seus negócios ou crédito com condições favoráveis.

Capacidade de investir em inovação: Podem alocar milhões (ou bilhões) em pesquisa, desenvolvimento e tecnologias de ponta.

Resiliência financeira: Conseguem suportar períodos longos de prejuízo sem comprometer a viabilidade do negócio.

Tolerância ao risco: Podem arriscar grandes somas de dinheiro em projetos experimentais sem comprometer o negócio.

Diversificação: Se um projeto falhar, outros negócios ou investimentos compensam as perdas.

Apoio de investidores: Mesmo após falhas, investidores continuam confiando neles devido ao histórico de sucesso.

Já você, pequeno empresário, tem:

Limitações financeiras: Geralmente dependem de economias pessoais, empréstimos bancários com juros altos, ou pequenos investidores. ( muitas vezes empréstimos de amigos e família.)

Foco em curto prazo: Muitas vezes, precisam priorizar sobrevivência imediata (fluxo de caixa) em vez de investir no futuro.

Menor tolerância ao risco: Erros financeiros podem levar rapidamente ao fechamento do seu negócio.

Riscos altos: Um erro financeiro ou estratégico pode comprometer o futuro do negócio.

Menor margem para falhas: Operam com recursos limitados, o que exige mais cautela.

Receio de inovar: A necessidade de sobrevivência imediata reduz a disposição para correr riscos.

Deu para perceber que são universos completamente diferentes ?

O efeito colateral da comparação

Tem outro problema sério nessa obsessão por mega empresários: o efeito psicológico. 

Você fica o dia inteiro vendo posts de caras andando de jato particular, com iates, comprando mansões. E aí bate aquela sensação: “Será que eu sou um fracassado? Será que não estou ganhando o suficiente?”

Isso pode te frustrar e te levar a tomar decisões ruins. 

Decisões baseadas em ego, em querer “chegar lá rápido”, em vez de focar no que realmente importa: construir um negócio sólido, sustentável, que pague suas contas e te dê qualidade de vida.

Lembra-se: Esses mega bilionários são tipo 10/20 pessoas no mundo inteiro. 

Se você vai medir seu sucesso pela régua deles, sempre vai se sentir inadequado.

Onde está o conteúdo que importa?

O conteúdo que realmente pode te ajudar não está nos canais de comunicação  de empresários bilionários.

Ele está em coisas bem menos glamourosas como por exemplo :

Biografias e casos de sucesso de empresários pequenos e médios que começaram do zero e construíram negócios de £500 mil a £50 milhões por ano. É muito provável que esses empresários  passaram pelos mesmos problemas  que você está passando.

Livros técnicos fundamentais sobre administração, finanças, vendas, operações. Conteúdo que te ensina como montar um sistema de controle de estoque, como estruturar um fluxo de caixa, como fazer projeções financeiras realistas.

Estudos de caso de empresas que quebraram e não só as que deram certo. É mais fácil aprender com os erros dos outros do que cometer todos sozinho.

O que eu acho que você deve consumir 

Se você quer realmente evoluir como empresário, aqui está uma distribuição que funciona (baseada em 20 anos de experiência e mais de 800 livros lidos):

50% de conteúdo técnico: Administração, finanças, vendas, marketing, operações, recursos humanos. O “bread and butter” que todo empresário precisa saber.

30% de biografias e estudos de caso: Foque em empresários que começaram pequenos.

Richard Branson por exemplo é um empresário bilionário, mas ele tem bons livros para pequenos empresários.  Procure também histórias de empresários  que você nunca ouviu falar. Aquele que montou uma rede de padarias, a mulher que criou uma franquia de academias.

20% de desenvolvimento pessoal: Liderança, hábitos, mentalidade. Importante, mas não pode ser 80% do que você consome.

A armadilha do self-development

Tem muita gente achando que desenvolvimento pessoal é estratégia de negócios. Não é.

Uma coisa é você trabalhar seus hábitos, sua liderança, sua mentalidade. Outra coisa é achar que vai resolver seus problemas de gestão lendo sobre “mindset de abundância”.

Geralmente seu negócio não quebra por falta de mentalidade positiva. Quebra por falta de controle financeiro, por não entender seu mercado, por não saber precifica e por não ter processos definidos.

Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes, por exemplo, é um livro bom. Fala de networking, de comportamento, de como criar hábitos positivos. Mas se você só lê isso e acha que está se preparando para empreender, está se enganando.

Como selecionar o que vale a pena

Aqui vai um filtro prático para decidir se vale a pena consumir determinado conteúdo:

  1. É aplicável ao meu contexto? Na maioria das vezes,se você tem 5 funcionários e o empresário do livro está falando de como gerenciar 5 mil, provavelmente não vale a pena agora.
  2. É técnico ou inspiracional? Se é só inspiracional, cuidado. Inspiração sem técnica não resolve problemas práticos.
  3. O empresário  passou por onde eu estou passando? Se ele herdou a empresa da família ou começou com milhões, a jornada dele é muito diferente da sua.
  4. Tem dados, casos práticos, exemplos concretos? Ou é só discurso motivacional?

O perigo da cultura do herói

A internet criou uma cultura onde todo empresário bem-sucedido é tratado como herói. Steve Jobs, Elon Musk, Jeff Bezos – todos viraram quase semideuses no mundo empresarial.

Isso cria duas distorções perigosas:

Primeira: Você acha que precisa ser um gênio visionário para ter sucesso. Não precisa. A maioria dos negócios bem-sucedidos são “chatos” – prestam um serviço decente, tratam bem os clientes e controlam as finanças.

Na minha opinião, O segredo para o sucesso na maioria dos negócios não está em ser um “gênio visionário”, mas em fazer bem o básico. Isso inclui:

  • Resolver um problema real.
  • Tratar bem os clientes.
  • Controlar as finanças.
  • Ser consistente na entrega de valor.

Segunda: Você normaliza comportamentos tóxicos. “Ah, ele trata mal os funcionários, mas é assim que se chega lá.” Não é. 78% dos empreendedores bem-sucedidos demonstram alta tolerância a riscos combinada com ética nas relações profissionais.

O sucesso não precisa e nem deve vir à custa de um ambiente tóxico ou de desrespeito com as pessoas. Os líderes mais bem-sucedidos e admirados são aqueles que combinam coragem para assumir riscos com ética nas relações profissionais.

O verdadeiro sucesso não é apenas medido pelos resultados financeiros, mas também pelo impacto positivo que você deixa nas pessoas. 

Ao liderar com respeito, empatia e integridade, você constrói um legado que vai além do dinheiro.

Foque no que importa para seu negócio

Em vez de ficar sonhando em ser o próximo Elon Musk, foque em ser o melhor empresário da sua área, na sua cidade , na sua região, no seu contexto.

Isso significa:

  • Conhecer seus números de forma obsessiva
  • Entregar valor consistente para seus clientes
  • Tratar bem sua equipe e fornecedores
  • Honrar compromissos financeiros e comerciais
  • Reinvestir lucros de forma inteligente
  • Construir relacionamentos duradouros no seu mercado

Pode não ser sexy como lançar carros no espaço, mas é isso que constrói negócios sustentáveis e te dá uma vida boa para você e para a sua família.

A verdade sobre modelos de sucesso

Todo mundo quer achar “o modelo” que vai garantir sucesso. 

A verdade inconveniente é que não existe. 

85% dos líderes empresariais bem-sucedidos combinam pensamento empreendedor com adaptação ao contexto local – ou seja, não seguem fórmulas prontas.

O que funciona depende do seu setor, do seu mercado, do seu momento de vida, da sua personalidade, dos seus recursos. Por isso que a maioria dos  empresários com experiências sempre respondem “depende” quando perguntados sobre estratégias.

Não é evasão. É realidade. Cada negócio é um organismo único, com suas particularidades.

Desta maneira eu te sugiro parar de procurar o guru que vai te dar a fórmula mágica. 

Foque em entender os fundamentos, estudar seu mercado, conhecer seus clientes, controlar suas finanças e construir relacionamentos honestos.

É menos excitante que virar o próximo bilionário da Forbes. Mas é muito mais provável que te leve ao sucesso real. É aquele sucesso que paga as suas contas, te dá tranquilidade e te permite dormir bem à noite sem a preocupação de pagar o aluguel amanhã.

Vamos elevar o nível da sua empresa!

Tem dúvidas e precisa de orientação estratégica? Entre em contato com a minha equipe!

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